Cansado de histórias de castelos, palácios, fortificações, catedrais, igrejas e jardins? Se sim, entre agora comigo num mundo de fantasia e doçura (atenção aos elevados níveis calóricos dos mesmos) e sem chuva à mistura (hahaha).
Vamos para o mundo do chocolate, não para a fábrica de Willy Wonka mas para a de Michel Cluizel, situada em Damville, a 105 km de Paris e a 80 km de Rouen.
Michel Cluizel, um prestigiado chocolateiro Francês, iniciou em 1948 a sua atividade. Os seus chocolates, de excelente qualidade, distinguem-se dos outros pela não adição da lecitina de soja (emulsionante), corantes ou outra gordura vegetal adicionada a não ser a própria manteiga de cacau. Em 1997, apareceu também com um produto único no mercado: 1er cru de plantation, em que cada barra de chocolate contêm cacau de uma plantação específica, sem misturas e por isso considerado de "origem única".
Nesta fábrica de chocolate pode ser visitado o museu, com mais de 500 metros quadrados, dividido em várias salas: a galeria, a cinemateca, a oficina, a cenografia e a loja. Na entrada do mesmo são disponibilizados guias-audio e roteiros em Francês e Inglês.
Na galeria pode-se descobrir a interessante história do cacau e do chocolate, desde a sua origem.
O cacacueiro é uma planta nativa da América central há mais de 2000 anos e só existe em ambientes quentes (mais de 20ºC) e húmidos. Sabe-se que a civilização Maia já utilizava as sementes do cacacueiro para fazer uma bebida amarga chamada xocoatl, que temperada com baunilha e pimenta servia para combater o cansaço além de servir de afrodísiaco. Também os grãos, eram usados como moeda de troca, no comércio local.
Mais tarde, durante os descobrimentos marítimos, também os indígenas das Américas tomavam-no como bebida fria mas sem leite e nem açúcar, paladar esse amargo que não agradou os Europeus, o que só aconteceu depois com a adição do açúcar de cana.
Durante o transporte marítimo, devido a problemas de conservação começou-se a prensar o produto sobre a forma de tabletes que ao serem consumidas eram previamente derretidas com água.
Cortés foi um dos primeiros exploradores a trazer esse produto para a Espanha, que depois se alastrou aos países vizinhos (apesar de ter ficado em segredo, um século, na Espanha). O produto utilizado como bebida ganhou forte popularidade a par de outras culturas das colónias como o chá e o café. E prosperou ainda mais quando começou a ser transformado sobre a forma de produto sólido doce (tabletes, bombons...). No século XIX apareceu a primeira fábrica de chocolate na Suíça.
Na galeria, também estão exibidos uma série de objetos antigos dedicados ao culto do chocolate, tais como o primeiro torrefator a gás das sementes do cacau da fábrica, refinador, laminador de caramelo e alguns distribuidores de chocolate líquido.
Na cinemateca é exibido um filme do cacau utilizado nos produtos da fábrica, desde a sua apanha nos cacaueiros, que podem atingir vários metros de altura. Depois dos frutos serem apanhados, as sementes são retiradas (cada fruto tem entre 20 a 40 sementes) e deverão ser tratadas rapidamente, para não apodrecerem.
Depois da fermentação, que deverá durar alguns dias (de 2 a 8 dias) para intensificar o aroma e o sabor, as sementes são colocadas ao sol e arejadas constantemente para evitar a formação de bolor (entre 4 a 5 dias), antes de serem ensacadas e enviadas para outros países, onde vai ocorrer o restante processamento.
Após um rigoroso controlo de qualidade do produto, as sementes vão sofrer o processo da torrefação a 130ºC para desenvolver o aroma, sendo arrefecidas rapidamente. Depois de passarem por uma trituração, só a parte da semente limpa é que será aproveitada. Esta semente passa por uma moagem e dá origem a uma massa pastosa.
Massa essa que, depois de prensada e alcalinizada, irá dar origem à manteiga de cacau e à "torta de cacau". Parte desta última dará origem ao chocolate em pó, depois de ser pulverizada, peneirada e misturada com açúcar. A outra parte da "torta" será arrefecida e moldada em tabletes (pasta de cacau), que servirá para fazer o chocolate. A manteiga de cacau é o produto mais nobre e caro, pois não rança devido ao seu elevado teor de gordura e elevado tempo de conservação.
Na produção de chocolate vão ser utilizados a pasta de cacau, açúcar, manteiga de cacau, leite entre outros (em muitos chocolates Michel Cluizel, à excepção do chocolate negro, é utilizada a baunilha). As quantidades e os ingredientes variam de acordo com o tipo de produto e o fabricante.
Composto por cinco etapas: malaxação (mistura e homogenização dos ingredientes), refinação (o produto passa por cilindros de refinação, onde as partículas do açúcar são quebradas; esta etapa determina a textura e a qualidade do chocolate), conchamento (a massa recebe nova adição de manteiga de cacau e é mantida em constante movimento através de agitadores mecânicos), temperagem (permite a estabilidade do chocolate ao passar por várias temperaturas) e modelagem (distribuição em formas e arrefecimento).
Na oficina estão alguns profissionais que desenvolvem e trabalham o chocolate, fazendo os trabalhos mais elaborados e delicados, como estes.
Existe também uma cenografia que representa uma antiga oficina.
Na loja podem ser adquiridos os vários chocolates. Comprei esta pequena caixinha. O preço é astronómico (mais de 60 € por quilo) mas os chocolates são muito, muito bons (nham...nham...).
Embora os produtos da marca sejam muito bons (pelo menos eu achei), ainda existem poucas lojas (Rue Saint Honoré, Paris; 5ª Avenue, New York e algumas que comercializam Michel Cluizel em Inglaterra).
O preço da entrada no museu é de 5€ e inclui no final uma pequena amostra de chocolate. Escolhemos o chocolate de leite, mas o meu marido, não tendo ficado convencido, começou a teimar que o melhor chocolate seria mesmo o Belga ou o Suíço. E como estavamos bem mais longe da Suíça do que da Bélgica (Bruge fica a 320 km de Rouen), deixamos de lado a ida a Étretat, Dieppe e Le Havre e aí fomos nós... para Brugge!
Na galeria pode-se descobrir a interessante história do cacau e do chocolate, desde a sua origem.
O cacacueiro é uma planta nativa da América central há mais de 2000 anos e só existe em ambientes quentes (mais de 20ºC) e húmidos. Sabe-se que a civilização Maia já utilizava as sementes do cacacueiro para fazer uma bebida amarga chamada xocoatl, que temperada com baunilha e pimenta servia para combater o cansaço além de servir de afrodísiaco. Também os grãos, eram usados como moeda de troca, no comércio local.
Fruto do cacaueiro |
Mais tarde, durante os descobrimentos marítimos, também os indígenas das Américas tomavam-no como bebida fria mas sem leite e nem açúcar, paladar esse amargo que não agradou os Europeus, o que só aconteceu depois com a adição do açúcar de cana.
Durante o transporte marítimo, devido a problemas de conservação começou-se a prensar o produto sobre a forma de tabletes que ao serem consumidas eram previamente derretidas com água.
Cortés foi um dos primeiros exploradores a trazer esse produto para a Espanha, que depois se alastrou aos países vizinhos (apesar de ter ficado em segredo, um século, na Espanha). O produto utilizado como bebida ganhou forte popularidade a par de outras culturas das colónias como o chá e o café. E prosperou ainda mais quando começou a ser transformado sobre a forma de produto sólido doce (tabletes, bombons...). No século XIX apareceu a primeira fábrica de chocolate na Suíça.
Na galeria, também estão exibidos uma série de objetos antigos dedicados ao culto do chocolate, tais como o primeiro torrefator a gás das sementes do cacau da fábrica, refinador, laminador de caramelo e alguns distribuidores de chocolate líquido.
Primeiro torrefator (1950) |
Na cinemateca é exibido um filme do cacau utilizado nos produtos da fábrica, desde a sua apanha nos cacaueiros, que podem atingir vários metros de altura. Depois dos frutos serem apanhados, as sementes são retiradas (cada fruto tem entre 20 a 40 sementes) e deverão ser tratadas rapidamente, para não apodrecerem.
Depois da fermentação, que deverá durar alguns dias (de 2 a 8 dias) para intensificar o aroma e o sabor, as sementes são colocadas ao sol e arejadas constantemente para evitar a formação de bolor (entre 4 a 5 dias), antes de serem ensacadas e enviadas para outros países, onde vai ocorrer o restante processamento.
Após um rigoroso controlo de qualidade do produto, as sementes vão sofrer o processo da torrefação a 130ºC para desenvolver o aroma, sendo arrefecidas rapidamente. Depois de passarem por uma trituração, só a parte da semente limpa é que será aproveitada. Esta semente passa por uma moagem e dá origem a uma massa pastosa.
Massa essa que, depois de prensada e alcalinizada, irá dar origem à manteiga de cacau e à "torta de cacau". Parte desta última dará origem ao chocolate em pó, depois de ser pulverizada, peneirada e misturada com açúcar. A outra parte da "torta" será arrefecida e moldada em tabletes (pasta de cacau), que servirá para fazer o chocolate. A manteiga de cacau é o produto mais nobre e caro, pois não rança devido ao seu elevado teor de gordura e elevado tempo de conservação.
Na produção de chocolate vão ser utilizados a pasta de cacau, açúcar, manteiga de cacau, leite entre outros (em muitos chocolates Michel Cluizel, à excepção do chocolate negro, é utilizada a baunilha). As quantidades e os ingredientes variam de acordo com o tipo de produto e o fabricante.
Composto por cinco etapas: malaxação (mistura e homogenização dos ingredientes), refinação (o produto passa por cilindros de refinação, onde as partículas do açúcar são quebradas; esta etapa determina a textura e a qualidade do chocolate), conchamento (a massa recebe nova adição de manteiga de cacau e é mantida em constante movimento através de agitadores mecânicos), temperagem (permite a estabilidade do chocolate ao passar por várias temperaturas) e modelagem (distribuição em formas e arrefecimento).
Antigo refinador da fábrica (1948) |
Na oficina estão alguns profissionais que desenvolvem e trabalham o chocolate, fazendo os trabalhos mais elaborados e delicados, como estes.
Existe também uma cenografia que representa uma antiga oficina.
Na loja podem ser adquiridos os vários chocolates. Comprei esta pequena caixinha. O preço é astronómico (mais de 60 € por quilo) mas os chocolates são muito, muito bons (nham...nham...).
Embora os produtos da marca sejam muito bons (pelo menos eu achei), ainda existem poucas lojas (Rue Saint Honoré, Paris; 5ª Avenue, New York e algumas que comercializam Michel Cluizel em Inglaterra).
O preço da entrada no museu é de 5€ e inclui no final uma pequena amostra de chocolate. Escolhemos o chocolate de leite, mas o meu marido, não tendo ficado convencido, começou a teimar que o melhor chocolate seria mesmo o Belga ou o Suíço. E como estavamos bem mais longe da Suíça do que da Bélgica (Bruge fica a 320 km de Rouen), deixamos de lado a ida a Étretat, Dieppe e Le Havre e aí fomos nós... para Brugge!
Se consegui ler isto tudo ao fim e adora chocolate, já alguma vez tinha pensado no trabalho necessário para fazer um?
No próximo post não perca a nossa aventura na terra das waffles, das batatas fritas, da cerveja e obviamente do chocolate!
O museu que descreve no seu artigo de hoje, parece ser bastante interessante. Desconhecia de todo a sua existencia. Obrigada por partilhar essa sua visita ao mesmo.
ResponderEliminarOnde também existe um fantástico museu do chocolate é em Colónia, Alemanha. Se não o conhece e tiver curiosidade entre no site desse museu (http://www.chocolatemuseum-cologne.com/), ou no artigo que escrevi sobre o mesmo (http://turistaocasional.wordpress.com/2011/11/09/museu-do-chocolate-de-colonia/).
Olá turistaocasional,
ResponderEliminarQuando tiver um tempinho irei visitar o seu blog.
Obrigada pelo contributo!
Que delícia!
ResponderEliminarvidademulheraos40.blogspot.com