sexta-feira, 27 de julho de 2012

Na cidade fortificada de Saint-Malo

Quarto dia de viagem na França. Com uma bela vista sobre o Oceano Atlântico, na costa oeste da França vimos a praia de La Baule, a famosa estância balnear da côte d'amour, uma praia de 7 km de extensão situada na baía de Poliguen, sensivelmente a 80 km de Nantes e a bonita mairie (prefeitura/câmara municipal) de La Baule Escoublac.






Sem tempo a perder (e pouca sorte com o clima) levamos duas horas e meia para fazermos os 200 km que nos separavam de Saint Malo, uma cidade histórica situada na costa norte francesa e rodeada pelo canal da Mancha. Estavamos na Bretanha!







Confesso que Saint Malo não fazia parte do plano original das nossas férias, contudo, quando estava a efetuar a pesquisa dos hotéis pelo site da Booking eis que me apareceu um hotel com excelente pontuação a um preço modesto. Não resisti e foi logo o primeiro alojamento a ser reservado, para esta viagem. Recomendo vivamente: Villa Esprit de Famille. As instalações são óptimas, o acolhimento muito bom e o pequeno almoço soberbo (os doces e geleias são deliciosos e as madalenas caseiras arrebatadoras)!
E não me arrependi: a cidade é linda! Apesar do mau tempo, Saint Malo  é constituída por impressionantes muralhas que rodeiam toda a cidade velha, apresenta um porto marítimo bem bonito, as habitações cuidadosamente cuidadas e as ruas limpas, tão limpas, que até haviam limpadores de algas durante a maré baixa às fortificações que protegem a cidade das intempéries (e, bem fortes, por sinal). Além disso, nunca tinha visto uma amplitude de marés tão grande!

Vista parcial da cidade pelas muralhas


Após o almoço, fomos dar uma volta até à cidade velha onde vimos os bonitos edificios de arquitetura peculiar, pelo caminho...








...os desportos radicais....




...Le Fort National, um monumento histórico do século XVII, do arquiteto militar Vauban, cuja função era proteger o porto. Só acessível durante a época baixa, a entrada dentro do forte só pode ser feita nesse período e em algumas épocas do ano (e a bandeira francesa hasteada)!








No centro da cidade, edificios recentes como o Palais des Congrés estão juntos ao cais (onde estavam alguns barcos ancorados), aos bonitos jardins floridos e às fortificações da cidade velha (também designada como La ville intra-muros).








Na cidade velha, tentamos esquivar-nos da chuva ao entrarmos em algumas lojinhas apetitosas de chocolates e docinhos da região (como a patates de St. Malo, um delicioso bolo feito de massa de amêndoa, com café e kirsch), azeite e conservas.

E aí deambulamos entre a catedral de St. Vincent (onde está sepultado Jacques Cartier, natural de St. Malo ficou conhecido pelas suas três viagens ao Canadá em busca de ouro; razão pela qual se fala Francês no lado leste desse país), pelo castelo, pelas muralhas, entre os espaços ajardinados, pelas pequenas igrejas e capelas (como a Chapelle Saint-Aaron do século XVII), praças, esculturas e monumentos dedicados às vitimas das duas guerras mundiais, nas quais a França esteve envolvida.









No final do dia, ainda aproveitamos para fazermos as nossas primeiras duas caches em terras francesas, antes do jantarzinho regado a cidra. Mas o que realmente foi espantoso foi ver o quanto a maré tinha subido, em apenas algumas horas (o local embora não seja o mesmo acho que dá para ter uma ideia em relação ao paredão e aos toros)!






segunda-feira, 23 de julho de 2012

Próximas paragens: Amboise e Tours

Nest post irei falar de duas cidades, as duas mais populosas da região, nossos pontos de paragem obrigatória enquanto estivemos no vale do Loire.

No primeiro dia, depois da visita a Chenonceau, fomos passar o final do dia e jantar em Amboise, que dista 18 km.

Château de Amboise


 Esta cidade está localizada na margem esquerda do rio Loire, local importante desde os primórdios pré-históricos, chegou a ser o lar da corte real francesa. No amplo castelo, dominante sobre a cidade, viveu o rei Carlos VII depois de Luís Amboise, seu antigo proprietário ter sido acusado e executado de traição, contra seu filho Luís XI, em pleno século XV.


Ponte sobre o rio Loire


Antes de jantarmos uns deliciosos moules à mariniére (mexilhões estufados) com batatas fritas deambulamos um pouco pela cidade, vimos a église St Denis, as ruas estreitas com casinhas tradicionais de madeira e as traseiras da mansão Clós Lucé, a última morada de Leonardo da Vinci onde existem ainda algumas das suas invenções (infelizmente, devido à hora tardia já estava tudo fechado).


Église St. Denis

Fachadas de alguns edificios


E, no final do dia, assistimos a este belíssimo por do sol sobre o vinhedo do alojamento onde ficamos, em St. Georges Sur Cher.




No dia seguinte, depois da visita aos castelos de Chambord e Cheverny fizemos uma pequena paragem em Tours (antes de pernoitarmos em Nantes), não sem antes termos captado uma foto do château de Chaumont Sur Loire, encontrado por acaso no meio da viagem (o castelo trocado por Chenonceau entre Diane de Poitiers e Catherine de Medicis, lembram-se?).




Tours situa-se nas margens dos rios Loire e Cher e é a capital da região de Indre-et-Loire. Apelidada como "jardim da França" pelos seus imensos espaços verdejantes espalhados pela cidade, esta foi fundada no século I com o nome de Caesarodunum.








Recheada de batalhas durante os séculos seguintes,  como por exemplo a guerra dos 100 anos (a cidade foi palco da batalha de Poitiers, em 1356, contra a Inglaterra), Tours foi reconstruída posteriormente e tornada a capital do reino (durante os séculos XV-XVI) e cidade real da região (o château, construído no século XI serviu de casa real). Pintores, artesãos, comerciantes e mestres ilustres reuniram-se aqui, à volta da corte até que o rei Francisco I restituiu a Paris a sua situação de capital.

Atualmente, no château, são apresentadas coleções de pintura e fotografia.


Château de Tours


A antiga basílica St. Martin, de estilo neobizantino, foi inaugurada em 1014 e alvo de remodelações, até ao século XIX. Após a descoberta do túmulo de Martin de Tours, foi construído no seu lugar um enorme edificio cuja basílica foi inaugurada em 1890, para albergar os restos mortais deste santo.

Mas se pensam que nunca ouviram falar neste santo, desenganem-se (ou não): Saint Martin ou São Martinho, nasceu em 316 na atual Hungria, foi obrigado a ingressar no exército Romano que rapidamente abandonou e continuou a abraçar a fé católica e oferecer caridade a todos os que precisassem. Famoso pelo seguinte episódio: depois de ter encontrado um mendigo cheio de frio, Martinho cortou metade do seu manto e ofereceu-o ao mendigo, minimizando o seu desconforto; rapidamente tornou-se um exemplo a ser seguido, numa época conturbada e particularmente difícil.

Tornado monge, foi aclamado bispo de Tours, adorado e amado por toda a população da Europa medieval, razão pela qual ainda hoje se comemora o dia 11 de Novembro: o dia de São Martinho, data que assinala o enterro deste santo não mártir da igreja católica em Tours, dessassete séculos depois!








A grandiosa catedral de Saint Gatien, de estilo gótico, levou quase quatro séculos a ser concluida, pois só foi terminada no século XVI.





Cidade natal do Honoré Balzac (um escritor Francês do século XIX),  Tours está classificada como património mundial da UNESCO e é ponto de partida (especialmente para quem vem de Paris) para explorar a região do vale do Loire. E com pena nossa tivemos de sair dessa lindissima região e partir para as próximas...





terça-feira, 17 de julho de 2012

Cheverny, no château do Tintin

Já alguma vez estiveram numa mansão de um desenho animado? Pois...desta vez estivemos em Cheverny, no célebre château de Tintin (na realidade inspirou Hergé, na criação do château de Moulinsart, baseado no verdadeiro château sem os pavilhões exteriores).

Situado no vale do Loire, foi uma das primeiras residências privadas abertas ao público, em 1922. De facto, o palácio continua privado e pertence à mesma família (os Hurault) há mais de seis séculos, que inclusivamente até estiveram ao serviço dos reis da França. Os atuais proprietários, descendentes dos Hurault, vivem na ala direita do palácio.





O château, embora pequeno quando comparado com os dois (posts) anteriores possui uma grande riqueza interior, especialmente na sua sumptuosa decoração que até lhe valeu a designação de "palácio encantado".

Apesarem de existirem poucos vestígios da fortaleza primitiva edificada no século XV, só no século XVII, o conde Hurault e sua esposa mandaram construir um novo palácio. Este levou tanto tempo a ser construído que só a filha do casal é que conseguiu concluir a sua rica decoração interior.




Para edificar o castelo, o mesmo arquiteto que também trabalhou em Chambord utilizou uma pedra macia do rio Cher, mais sólida e com as propriedades de endurecer e branquear com o tempo ("pedras de Bourré").





O novo jardim dos Aprendizes (desde 2006) anexo ao château ocupa o lugar de um antigo jardim à francesa, das quais ainda existem os planos originais, dotado de grande beleza.





Quando se entra no interior do palácio, o primeiro aposento que se vê é a sala de jantar. Nas suas  paredes existem 34 painéis de madeira pintados com a história de Dom Quixote, muito em voga no século XVII. O mobiliário é de carvalho maciço do século XIX.





Na escadaria de honra existem motivos e temas esculpidos e a forte presença da influência italiana (existem escadas direitas seguidas de um patamar ao invés de escadaria em caracol ou espiral).





O brasão dos Hurault também aqui foi esculpido (embora aqui sem cor, trata-se de uma cruz azul anil e sóis de um vermelho intenso que se encontram pintados nos tetos e paredes de alguns aposentos).




No alto da escadaria, à direita existem os aposentos privados (que de privados não tem nada) com o quarto dos nascimentos onde as mães apresentavam os filhos recém-nascidos...





....um quarto de criança com os primeiros modelos de cavalo de madeira....





...o quarto nupcial onde está o vestido de noiva da Marquesa de Vibraye (atual proprietária que casou em 1994)....




...a sala de jantar e a cozinha.







A sala de armas é o maior aposento do castelo e apresenta uma vasta coleção de armas e tapeçarias.










O quarto do rei era reservado ao rei (chegou a ser ocupada por Henrique IV quando esteve de passagem pelo antigo castelo) e aos hóspedes mais ilustres. Com reproduções de lindas pinturas no teto, com cenas da mitologia grega, tem uma coleção única de tapeçarias nas paredes, do século XVII.








No grande salão, sem dúvida um dos aposentos mais bonitos, o teto foi restaurado no século XIX e existem várias poltronas e sofá originais assim como um conjunto de telas de ilustres personalidades.







Depois desta divisão, segue-se a galeria onde estão vários retratos de familia pintados por Clouet, pintor famoso a serviço do rei Francisco I e outras telas de pintores famosos como Rigaud (favorito do rei Luís XIV).


Centro: rei Luís XVI (vestido para a consagração)


No salão de retratos podem-se ver (como o próprio nome o indica) uma sucessão de retratos da família.







A biblioteca alberga 2000 livros com coleções completas e mobiliário antigo do fornecedor do imperador de Napoleão I.





Junto à entrada do château de Cheverny existe o museu de Tintin para os mais pequenos e até um castelo para venda (hahaha)?!

"Château a vendre"


Sem dúvida, um château pequeno em tamanho mas com um grandioso interior!