segunda-feira, 2 de julho de 2012

Chenonceau, o castelo das damas




Instalados confortavelmente para visitar o primeiro castelo? Sim? Então vamos já para o château de Chenonceau, um dos castelos (a meu ver estes tratam-se mais de palácios do que castelos) mais magníficos e excecionais, que vi até hoje.




Dotado de uma arquitetura única no mundo, Chenonceau é conhecido também como o castelo das damas, uma vez que foram várias mulheres (duas delas rainhas) que administraram e ampliaram, sobre o rio Cher, esta linda e monumental propriedade.




Junto às margens do rio, existia um pequeno castelo e moinho fortificado (do século XIII), que depois de demolido foi aí construído o atual, no século XVI, por Thomas Bohier e sua esposa Katherine Briçonnet, conservando apenas (este) o torreão original.





Por falta de dinheiro, a propriedade passou para o rei Henrique II que o ofereceu à sua amante Diane de Poitiers, que não só o aumentou como construiu uma ponte sobre os arcos ligando assim a mansão à outra margem.




Neste quarto, da favorita do rei, existem duas bonitas tapeçarias da Flandres do século XVI.




Em 1559, com a morte do rei, a rainha Catherine de Medici "expulsou" (na realidade pediu e deu-lhe outra mansão: Chaumont Sur Loire na troca daquela) a ex-amante mas deu continuidade à obra, com a construção de uma imensa galeria com 60 metros de comprimento, onde deu sumptuosos banquetes, assim como no aumento dos lindos jardins.




Retrato de Catarina de Médicis
Catarina de Médicis instalou a sua mesa de trabalho numa pequena biblioteca. O seu teto de 1525 éde estilo italiano, feito de madeira de carvalho e contém pequenos pendentes.


Nesse espaço existem alguns quadros como este.


"Sagrada Família", de Andrea del Sarto

A galeria é iluminada por 18 janelas e nas suas extremidades duas lareiras renascentistas.





Neste quarto, o de Catarina de Médicis, existe uma rica mobília esculpida, numa cama de dossel com retratos de perfil, inspirados em medalhas da Antiguidade, uma das caraterística do Renascimento e um raro conjunto de tapeçarias do século XVI.



O teto é feito de cofres quadrados em madeira pintada e dourada, nas quais se podem ver várias iniciais, o brasão dos Médicis e as iniciais (C de Catarina e H de Henrique) entrelaçadas.




O quarto de Catarina de Médicis dá acesso a dois pequenos aposentos que fazem parte do gabinete de estampas, onde estão reunidas uma vasta coleção de desenhos e gravuras de Chenonceau de várias épocas (entre os séculos XVI-XIX).





Este quarto recorda a memória de duas filhas e três noras de Catarina: Margot, Isabel de França, Maria Stuart, Isabel de Áustria e Luísa de Lorena.


O quarto das cinco rainhas


Após a morte da rainha Catherine e do seu filho (Henrique III), esposo de Luísa de Lorena, em 1589, esta refugiou-se aqui e vestiu-se de branco, representativo do luto, segundo a etiqueta vigente da corte, na altura. Conhecida como "rainha branca" retirou-se para este castelo e ai viveu recolhida em meditação e oração. O seu negro quarto está ornamentado com símbolos de luto como penas e coroas de espinhos.





A próxima (e linda) sala recorda César de Bourbon, duque de Vendôme, filho do rei Henrique IV e Gabriela d'Estrées, que se tornou proprietário do château em 1624. A destacar um lindo teto de traves e várias tapeçarias de Bruxelas do século XVII.





Como lembrança da sua visita a Chenonceau em 1650, o rei Luís XIV ofereceu ao seu tio, o duque de Vendôme, este retrato seu, exposto no salão Luís XIV.








Na parede do salão Francisco I encontra-se esta magnífica pintura de Van Loo com três irmãs, damas de Chateauroux, que foram sucessivamente favoritas do rei Luís XV.






Depois o castelo entrou em período de decadência e abandono, até ao século XVIII, altura em que Louise Dupin, Iluminista, recebeu aqui ilustres personalidades dedicadas à escrita, poetas, cientistas e filósofos tais como Montesquieu, Voltaire ou Rousseau (no interior da mansão havia uma exposição sobre a vida deste último) e protegeu o castelo durante a revolução francesa. Por exemplo, teve a ideia de transformar em reserva de lenha a capela (na foto abaixo), escondendo assim o caráter religioso do local.

No século XIX, Marguerite Pelouze gastou uma fortuna no restauro do castelo mas este por sua vez foi posteriormente vendido duas vezes.

Na primeira guerra mundial, o castelo foi convertido em hospital  e muitos feridos foram aqui tratados por Simone Menier, enfermeira chefe. Na segunda guerra mundial, Chenonceau teve na mira dos inimigos, embora (e felizmente) tenha sofrido poucos estragos derivados dela.
Os vitrais da capela são todos do século XX, uma vez que os originais foram destruídos num bombardeamento em 1944.

A capela de Chenonceau

A cozinha está situada na parte superior dos dois primeiros pilares assentes no rio Cher. Ao passar de um pilar para o outro vê-se uma plataforma onde os barcos encostavam e traziam os mantimentos necessários para a casa.

Parte parcial da cozinha

Na primeira guerra mundial, esta habitação foi dotada de equipamento moderno para transformar o edificio em hospital.


Profundamente admirados com o château ficamos algum tempo a vê-lo, a passear nos jardins, a sentir o aroma dos imensos roseirais e a tirar fotos...muitas fotos, antes de seguirmos viagem para Amboise.


Parte frontal de Chenonceau


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