sexta-feira, 9 de março de 2012

Parque Natural da Ria Formosa

Parece que até o clima está a contribuir para a crise económica do país. A rara chuva e o frio, dos meses anteriores, nada têm ajudado a agricultura nacional e o comércio local.

Aproveitamos o primeiro Domingo do mês de Fevereiro, mais um dia cheio de frio e sol,  para passearmos no sotavento algarvio, mais concretamente perto de Olhão e visitar o Parque Natural da Ria Formosa. Já passaram duas décadas desde que visitei pela primeira vez este parque e agora, contrariamente ao passado, só me veio uma palavra à cabeça depois de lá ter estado meia hora: "decepcionante".

Decepcionante? Continuem a ler e vejam porquê.






Este parque criado pelo Decreto Lei nº 373/87 de 9 de Dezembro (posteriormente regulamentado em 1991) estende-se ao longo de 60 km da costa entre o Ancão e a Manta Rota (uma das minhas praias favoritas), ocupando mais de 18.000 hectares distribuídos por cinco concelhos (Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Stº António).

A maior parte desta área compreende as várias ilhas e penínsulas arenosas, paralelas à costa, formando assim um sistema lagunar onde se desenvolvem vários canais, sapais e pequenas ilhotas. Estas características geográficas naturais são muito importantes na biodiversidade da fauna, em particular a aquática, com elevado interesse como zona húmida e internacional.

Com efeito, este local constitui zona invernal de espécies de aves vindas do norte e centro da Europa (exemplos: piadeira, pato trombeteiro, marrequinho comum, zarro comum, pilrito comum, fuselo, maçarico real, tarambola cinzenta); zona de passagem das migrações de aves entre o norte da Europa e África; abriga espécies raras como a galinha sultana (também designada como caimão comum: Porphyrio porphyrio, é o símbolo deste parque), confirmada como a única zona de reprodução desta espécie no país.

Na entrada do Parque


Além disso, a área tem grande interesse botânico especialmente devido à vegetação das zonas das dunas, juncais e sapal.




 Funciona ainda como viveiro de espécies  piscatórias com valor comercial, como a dourada, robalo, sargo e o camarão de Quarteira e importante produção de moluscos bivalves (como ameijoa).


Mas decepcionante, porquê,  perguntam agora vocês?

Apesar do ambiente natural (ou a maioria dele) continuar bonito, como  há duas décadas atrás, nota-se algum desmazelo, e até abandono,  nas poucas infra-estruturas (a começar pelas casas de banho), nas placas informativas "comidas pelo sol", na falta dos cães de água que aqui existiam (foram transferidos para outro local), na visita impossibilitada à Casa Museu João Lúcio (encerrado, pelo menos nesse dia) e na falta da visita dos turistas (apesar da entrada ser um preço simbólico) e residentes (e para eles a entrada é gratuita) que preferem passar os dias de folga nos centros comerciais ou nas lojas recém inauguradas de material desportivo (desporto?).


Antigo local de criação do cão de água






Depois de termos passado pelo parque das merendas (bom local para repousar e almoçar), observamos parcialmente a Casa Museu João Lúcio, um chalé projetado pelo poeta Olhanense, desse nome, no início do século XX e que apresenta arquitetura simbolista.


Parque das Merendas

Casa Museu João Lúcio


Quase no final do passeio, vimos um raro moinho de maré. Trata-se de um engenho que trabalha devido ao diferencial do nível das águas entre a maré cheia e a baixa maré, que acciona as mós para assim triturar os cereais. O primeiro moinho deste tipo data de 1290 em Castro Marim, no estuário do Guadiana. A partir do século XVI, tornou-se comum  a existência deste tipo de moinho, tendo a região da Ria Formosa chegado a ter três dezenas dos mesmos, até terem sido abandonados e destruídos ao serem trocados pela moagem mecânica. Este exemplar continua intacto ao ter sido recuperado nos anos 80 e agora num projecto de 2008.




Apesar da decepção inicial, valeu bem o passeio (e a observação de aves) neste belissimo cenário que é a Ria Formosa e depois o almoço no Restaurante Arménio, logo ao lado.




Boas entradas (bom marisco da costa), bom prato principal (feijoada de lingueirão) e boas sobremesas (semi-frio e cheesecake de morango) completaram o almoço, a um preço módico (8 € por pessoa, pelo almoço completo).

No restante mês, de viagens...nada...a não ser Lisboa por motivos profissionais e particulares (mas infelizmente sem resultados frutíferos).

E claro que não podia terminar este post sem deixar aqui uma foto das flores da minha árvore favorita (pelo menos nesta altura do ano e falada no mês de Janeiro, do ano passado).





Ah! E antes que me esqueça, o Dia dos Namorados foi passado num restaurante Indiano no Carvoeiro e a assistir a um episódio de uma das séries não recomendáveis para esse dia. post (esse já iniciado e a publicar oportunamente).


3 comentários:

  1. Pois, apesar da manutenção do PNRF ser infinitamente deficitária, é local a visitar. As Câmaras Municipais nas quais o PNRF se encontra inserido, teriam vantagens na sua gestão. Os meios são fracos e o PNRF é enorme.
    Ria Formosa sempre!

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  2. Obrigada, anónimo, pela sua opinião neste blog.
    De facto, a Ria Formosa é linda apesar da fraca manutenção do parque.

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  3. Há muito anos esttivemos nesse parque e me pareceu muito bonito,apesar da falta de cuidados... parece que as Câmaras não têm interesse em preservar o passado e osmoradores muito menos. O que é uma pena...
    abs,

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