Hoje fui ver o palco do maior Carnaval Algarvio e provavelmente do Carnaval mais antigo do país. Sim, fui a Loulé!
O Carnaval sempre foi festejado com brincadeiras, de mau gosto, mas em 1906 surgiu um Carnaval mais "civilizado" e cujas receitas revertiam para os mais necessitados.
Apareceram as batalhas de flores, os carros alegóricos com figuras, os concursos...
Apareceram as batalhas de flores, os carros alegóricos com figuras, os concursos...
Em 1977 o Carnaval passou a ser patrocinado pela Câmara Municipal. Este ano o preço do bilhete reverte para a construção de um lar de idosos da freguesia de Tor. Com o tema "Nós por cá!!, 14 carros alegóricos foram pensados e concebidos por quase uma centena de pessoas durante 4 meses, sendo que nos três dias de Carnaval desfilam mais de 600 pessoas.
Lembro-me que devia ter uns 7 ou 8 anos quando fui ver o Carnaval de Loulé pela primeira vez. Carros muito bonitos forrados de papel e cheios de pessoas que dançavam com máscaras e trajes surreais e que distribuiam caramelos ao público. Apesar de haver muita confusão, barulho e pessoas, delirei com tudo aquilo, porque parecia outro mundo, um mundo do faz de conta onde cada um de nós se pode mascarar daquilo que quer e fazer parte de uma outra época.
Av. José Costa Mealha (início do cortejo dos carros Carnavalescos) |
Comecei a minha visita a Loulé pelo Museu Arqueológico que funciona das 09.00 às 17.30H e o bilhete custa apenas 1,5€. Nos feriados e fins-de-semana funciona das 10 às 14H. Este é constituído por várias partes: arqueológica, cozinha tradicional, biblioteca e muralhas do castelo. As fotografias são proibidas à excepção das muralhas.
Entrada do Museu (neste local repousaram D. Pedro I (1359), D. Afonso V (1458) e D. Sebastião (1573)) |
A parte arqueológica diz respeito aos artefactos encontrados na região e pertencentes aos vários períodos: Paleolítico, Neolítico, Calcolítico (Idade do Cobre), Idade do Bronze, Idade do Ferro, período Romano e período Islâmico.
Objectos como: estrelas funerárias, ânforas, almofarizes, copos, jarros, objectos de bronze, moedas (de 259 a 408), objectos de cerâmica, alfinetes de cabelo, braceletes de vidro e cobre, mesa de altar visigótica e brincos estão presentes. Mas o que mais gostei foram as ruínas de uma casa Islâmica (XII-XIII) situada no chão do Museu, envidraçada.
Resumindo, o Museu Arqueológico tem uma rica colecção de objectos e as suas paredes de pedra completam-no.
Na cozinha tradicional podem-se ver objectos do passado: para o fabrico manual do pão, para a moagem do milho para o xarém (as chamadas papas de milho), os escaparates de madeira com pratos, travessas, tachos de cobre e também um lavatório.
Na biblioteca haviam apenas algumas máquinas de escrever, livros e uma tipografia do século passado.
Das muralhas, observei a cidade de Loulé e a exposição temporária de um presépio.
Depois passei pela Praça com uma decoração bem garrida mas muito bonita!
Aqui visitei o mercado das flores, das frutas, do pão e bolos, dos vegetais e por fim do peixe. Vi também um dos bonecos que certamente estará no desfile do Carnaval.
Depois do almoço visitei a Biblioteca Sophia de Mello Andresen (aberta ao público também durante o horário de almoço, muito bem organizada) e alguns monumentos e pormenores das ruas da cidade.
Monumento Engº Duarte Pacheco |
Fachadas das habitações |
Loja de pintura em azulejos |
Loulé sempre foi uma terra muito fértil rica em: cereais, leite de cabra e ovelha (queijo), vinho, azeite, pescado (vindo de Quarteira), água (cada casa tinha antigamente 1 ou 2 poços), hortas, pomares, minerais (cobre, carvão de pedra, manganês) e alguma indústria: a cimenteira (o xisto vem de Paderne; o gesso, obtido a partir de 45 até 90 m de perfuração, de Tor; o calcário é obtido a partir de 1 até 45 m de perfuração, junto à fábrica) e uma mina de sal gema.
Esta última foi descoberta há meio século, contudo o sal obtido da mesma não pode ser utilizado na alimentação humana. Porém, pode-se utilizar para outros fins (fabrico de esculturas, candeeiros, pisa-papéis, descongelante para estradas Europeias e até no tratamento de doenças respiratórias).
Embora a sua origem não esteja bem definida, alguns historiadores pensam que Loulé terá sido fundada pelos Cartigeneses em 404 a.c. Povoada na Pré-História (há registos de cavernas identificadas na região). Em 715 os Árabes invadiram Loulé que já existia como vila. Repovoada em 1268 por D. Afonso III que a reconstruiu e ampliou com uma forte muralha junto ao castelo.
Há a apontar que o único elemento sobrevivente da parte mourisca é a torre da igreja matriz (minarete da antiga mesquita).
O Convento de Santo António fundado em 1546 pela Ordem de S. Francisco (ou Capuchos) foi um primeiros conventos a ser extinto no Algarve, em 1834. Embora já tenha sido utilizado como fábrica de curtumes e de habitação, neste momento existe a exposição de objectos pessoais e alguns manuscritos da escritora Louletana Lídia Jorge intitulada: O dia dos Prodígios, uma homenagem dedicada aos seus 30 anos de escrita publicada. Patente até dia 31 de Março, a entrada é gratuita.
Actualmente, a igreja encontra-se em bom estado de conservação embora as suas dependências estejam em ruínas.
Existe uma festa religiosa muito importante em Loulé: a festa da Mãe Soberana. Esta festa é constituída por dois momentos: no Domingo de Páscoa, a nossa Srª da Piedade é transportada desde a sua ermida, no alto do monte até à Igreja de S. Francisco e duas semanas depois é transportada no sentido inverso. Milhares de peregrinos fazem esta procissão para demonstrar a sua fé: pedir desejos, pagar promessas...
Santuário e Igreja da Nossa Srª da Piedade |
No concelho existem outras festas, festivais e romarias importantes tais como festival MED (distinguido em 2008 com o prémio "revelação do ano"), Noite Branca e festa da Padroeira dos pescadores (em honra da nossa Srª da Conceição, em Quarteira).
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