terça-feira, 8 de março de 2011

Loulé


Este post devia ter sido publicado no dia 3 de Fevereiro mas por motivos profissionais e pessoais só hoje tive tempo de publica-lo.


 Hoje fui ver o palco do maior Carnaval Algarvio e provavelmente do Carnaval mais antigo do país. Sim, fui a Loulé!

O Carnaval sempre foi festejado com brincadeiras, de mau gosto, mas em 1906 surgiu um Carnaval mais  "civilizado" e cujas receitas revertiam para os mais necessitados.
Apareceram as batalhas de flores, os carros alegóricos com figuras, os concursos...

Em 1977 o Carnaval passou a ser patrocinado pela Câmara Municipal. Este ano o preço do bilhete reverte para a construção de um lar de idosos da freguesia de Tor. Com o tema "Nós por cá!!, 14 carros alegóricos foram pensados e concebidos por quase uma centena de pessoas durante 4 meses, sendo que nos três dias de Carnaval desfilam mais de 600 pessoas.

Lembro-me que devia ter uns 7 ou 8 anos quando fui ver o Carnaval de Loulé pela primeira vez. Carros muito bonitos forrados de papel e cheios de pessoas que dançavam com máscaras e trajes surreais e que distribuiam caramelos ao público. Apesar de haver muita confusão, barulho e pessoas, delirei com tudo aquilo, porque parecia outro mundo, um mundo do faz de conta onde cada um de nós se pode mascarar daquilo que quer e fazer parte de uma outra época.


 Av. José Costa Mealha (início do cortejo dos carros Carnavalescos)

Mas Loulé é muito mais do que Carnaval!

Comecei a minha visita a Loulé pelo Museu Arqueológico que funciona das 09.00 às 17.30H e o bilhete custa apenas 1,5€. Nos feriados e fins-de-semana funciona das 10 às 14H. Este é constituído por várias partes: arqueológica, cozinha tradicional, biblioteca  e muralhas do castelo. As fotografias são proibidas à excepção das muralhas.


Entrada do Museu (neste local repousaram D. Pedro I (1359), D. Afonso V (1458) e D. Sebastião (1573))


Poço

Catapulta

A parte arqueológica diz respeito aos artefactos encontrados na região e pertencentes aos vários períodos: Paleolítico, Neolítico, Calcolítico (Idade do Cobre), Idade do Bronze, Idade do Ferro, período Romano e período Islâmico. 

Objectos como: estrelas funerárias, ânforas, almofarizes, copos, jarros, objectos de bronze, moedas (de 259 a 408), objectos de cerâmica, alfinetes de cabelo, braceletes de vidro e cobre, mesa de altar visigótica  e brincos estão presentes. Mas o que mais gostei foram as ruínas de uma casa Islâmica (XII-XIII) situada no chão do Museu, envidraçada.

Resumindo, o Museu Arqueológico tem uma rica colecção de objectos e as suas paredes de pedra completam-no.
Na cozinha tradicional podem-se ver objectos do passado: para o fabrico manual do pão, para a moagem do milho para o xarém (as chamadas papas de milho), os escaparates de madeira com pratos, travessas, tachos de cobre e também um lavatório.

Na biblioteca haviam apenas algumas máquinas de escrever, livros e uma tipografia do século passado.

Das muralhas, observei a cidade de Loulé e a exposição temporária de um presépio.






                        Depois passei pela Praça com uma decoração bem garrida mas muito bonita!




Aqui visitei o mercado das flores, das frutas, do pão e bolos, dos vegetais e por fim do peixe. Vi também um dos bonecos que certamente estará no desfile do Carnaval.



Depois do almoço visitei a Biblioteca Sophia de Mello Andresen (aberta ao público também durante o horário de almoço, muito bem organizada) e alguns monumentos e pormenores das ruas da cidade.




Monumento Engº Duarte Pacheco


Fachadas das habitações






Loja de pintura em azulejos

Loulé sempre foi uma terra muito fértil rica em: cereais, leite de cabra e ovelha (queijo), vinho, azeite, pescado (vindo de Quarteira), água (cada casa tinha antigamente 1 ou 2 poços), hortas, pomares, minerais (cobre, carvão de pedra, manganês) e alguma indústria: a cimenteira (o xisto vem de Paderne; o gesso, obtido a partir de 45 até 90 m de perfuração, de Tor; o calcário é obtido a partir de 1 até 45 m de perfuração, junto à fábrica) e uma mina de sal gema. 

Esta última foi descoberta há meio século, contudo o sal obtido da mesma não pode ser utilizado na alimentação humana. Porém, pode-se utilizar para outros fins (fabrico de esculturas, candeeiros, pisa-papéis, descongelante para estradas Europeias e até no tratamento de doenças respiratórias).

Embora a sua origem não esteja bem definida, alguns historiadores pensam que Loulé terá sido fundada pelos Cartigeneses em 404 a.c. Povoada na Pré-História (há registos de cavernas identificadas na região). Em 715 os Árabes invadiram Loulé que já existia como vila. Repovoada em 1268 por D. Afonso III que a reconstruiu e ampliou com uma forte muralha junto ao castelo.

Há a apontar que o único elemento sobrevivente da parte mourisca é a torre da igreja matriz (minarete da antiga mesquita).




O Convento de Santo António fundado em 1546 pela Ordem de S. Francisco (ou Capuchos) foi um  primeiros conventos a ser extinto no Algarve, em 1834. Embora já tenha sido utilizado como fábrica de curtumes e de habitação, neste momento existe a exposição de objectos pessoais e alguns manuscritos da escritora Louletana Lídia Jorge intitulada: O dia dos Prodígios, uma homenagem dedicada aos seus 30 anos de escrita publicada. Patente até dia 31 de Março, a entrada é gratuita. 

Actualmente, a igreja encontra-se em bom estado de conservação embora as suas dependências estejam em ruínas.





Existe uma festa religiosa muito importante em Loulé: a festa da Mãe Soberana. Esta festa é constituída por dois momentos: no Domingo de Páscoa, a nossa Srª da Piedade é transportada desde a sua ermida, no alto do monte até à Igreja de S. Francisco e duas semanas depois é transportada no sentido inverso. Milhares de peregrinos fazem esta procissão para demonstrar a sua fé: pedir desejos, pagar promessas...

Santuário e Igreja da Nossa Srª da Piedade





Altar-mor da Igreja Srª Piedade

No concelho existem outras festas, festivais e romarias importantes tais como festival MED (distinguido em 2008 com o prémio "revelação do ano"), Noite Branca e festa da Padroeira dos pescadores (em honra da nossa Srª da Conceição, em Quarteira).


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