Desta vez, fomos a Tomar, num dia cheio de sol, um lindo Domingo. Tomar, considerada a cidade berço dos Templários e falada anteriormente no post de Castelo de Almourol é, sem dúvida, uma cidade enigmática.
Para começar: os mistérios no esplendoroso Convento de Cristo...venha descobri-los, aqui (e nos próximos posts sobre Tomar)!
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Na janela do Convento de Cristo |
Além do Convento de Cristo, começamos, inicialmente o dia, por ver o seu irmão inseparável: o castelo. Situados na parte alta, um pouco afastados do centro, tinham como função principal proteger a bonita cidade de Tomar.
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Vista do Castelo |
Desde a fundação da nacionalidade que os Templários foram recompensados com as terras junto ao Rio Nabão (actual, Tomar) por D. Afonso Henriques, como recompensa da desventura, contra os Mouros em Santarém. Mais tarde, a Ordem do Templo foi extinta mas convertida na Ordem de Cristo pelo Rei D. Dinis, e mantidas as doações e riquezas, anteriormente conquistadas. As fortalezas militares e os templos religiosos são bons exemplos disso.
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Escultura com a Cruz da Ordem |
O Convento de Cristo é uma obra magnífica, resultado do trabalho de vários Reis e Infantes (D. Afonso Henriques, D. Dinis, Infante D. Henrique, D. Manuel, D. João III, D. Filipe I, D. Filipe II). A eleição de Tomar para local de construção de um dos mais emblemáticos templos, representativos dos Templários, deve-se a Gualdim Pais (Grão-Mestre da Ordem). Através de provas arqueológicas, sabe-se que Tomar era habitada anteriormente por Muçulmanos.
Este templo foi fortemente influenciado pelos modelos arquitectónicos de Jerusalém, na época das cruzadas, particularmente o Templo da Rocha (casa mãe dos Templários).
Dividido por vários claustros, capelas, jardins, salas, um amplo dormitório e uma larga cozinha constituem a maior parte dos cinco hectares do complexo Castelo/Convento.
O Claustro da Lavagem, datado do século XV, era assim designado porque servia para aí serem lavados os hábitos eclesiáticos e outros trabalhos dosméticos efectuados por serviçais, que não tinham ordens religiosas ou prestavam votos.
O Claustro do Cemitério serviu de local de procissões e enterro de frades cavaleiros e de frades de clausura, tendo sido remodelado no século XVII.
A Capela dos Portocarreros (séc. XVII) está revestida de inúmeros azulejos com painéis históricos alusivos a cenas marianas e na vida de Cristo.
Mas a melhor parte é, sem dúvida, a Charola (nome pelo qual é conhecido), um espectácular oratório inspirado na Rotunda do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Construída com a forma de um tambor de 16 faces, 8 claustros, foi utilizado para vários fins.
É um primitivo templo, de estilo românico, do século XII e o seu tambor interior funcionou como capela mor. No século XVI foi enriquecido com lindas pinturas, estuque, talha e esculturas em madeira.
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Exterior da Charola |
É um primitivo templo, de estilo românico, do século XII e o seu tambor interior funcionou como capela mor. No século XVI foi enriquecido com lindas pinturas, estuque, talha e esculturas em madeira.
Ligada à Charola, por um grande arco triunfal, está a igreja, datada do início do século XVI e que inclui a nave, o coro alto e o coro baixo.
Próximo está a Sacristia Nova, construída nos finais do século XVI, no local que serviu anteriormente a casa do capítulo henriquina (XV).
O Claustro Principal é considerado obra prima do renascimento europeu, tendo sido iniciado parcialmente demolido, substituido e até recebido obras do arquitecto Italiano (Filipe Terzi) durante o século XVI.
O ex-libris da cidade e do Convento de Cristo (bem recordado dos livros de História) é a famosa Janela Manuelina, atribuída a Diogo de Arruda e um dos mais originais exemplos do tardo gótico Manuelino, executada entre 1510-1513, com símbolos representativos das escrituras sagradas.
Contrariamente, à maioria dos monumentos em que se entra pelo r/c e se vai subindo progressivamente aqui é precisamente ao contrário. A entrada é feita pelo piso 2, no qual se visita os espaços anteriormente mencionados (a meu ver, os melhores de toda a visita) e depois para os pisos inferiores (1 e 0), onde vimos os outros Claustros (Santa Bárbara, Hospedaria, Corvos, Micha), a Capela dos Reis Magos, o refeitório, o dormitório (não foi dificil fazer-nos imaginar histórias naquelas pequenas e frias celas) e a adega de azeite, entre outros.
O Claustro da Micha, concluído em 1550, deve o seu nome aos muitos pedaços de pão distribuídos aqui aos pobres.
Os mistérios que "contam" sobre o Convento é que os livros da Biblioteca de Alexandria (uma das antigas e extintas maravilhas do mundo) estão enterrados ali e outra é que há uma passagem secreta, subterrânea, entre o Convento e a Igreja Matriz de Tomar.
Antes da despedida, fomos ainda ver uma parte do aqueduto de Pegões. Mandado construir por D. Filipe I, servia para abastecer o Convento de Cristo pelo Vale de Pegões, distante a 6 km e possui 180 arcos, muitos deles sobrepostos, uma obra arquitectónica maravilhosa e notável.
É tão bom passear :)
ResponderEliminarPor acaso não conheço muito os sítios históricos de Portugal.Apenas aqueles mais perto da minha zona!
Tenho saudades de ir passear... Poderia ir para a semana, mas o Dinis ainda é pequenino para estas aventuras :)
ResponderEliminarAi esta mais uma cidade magnifica a qual eu ja não vou desde miuda!!!
Fico a espera de mais
Bjs
Uma cidade linda, muito hospitaleira, que merece uma visita demorada. E, como não podia deixar de ser, com uma incursão pelos doces regionais na pastelaria mais afamada lá do burgo, que tem, todas as manhãs uns rissóis de carne que só de falar nesles já tenho água na boca.
ResponderEliminarESpero notícias.
ainda bem moro em tomar, é uma cidade magnifica.
ResponderEliminarcarolina
Alguém me sabe dar mais detalhes sobre a passagem subterrânea? Se está acessível, com quem poderei contactar...
ResponderEliminarObrigado
Não sei João.
EliminarBom trabalho - meticuloso, bem estruturado. Lapso - foi aqui que as Cortes de Tomar deliberaram entregar a coroa de Portugal aos Filipes porque os Filipes proimegtiam mundos e fundos.Foi aqui que se fez oubir a voz de Febo Moniz contra a traição brutal de "venda" que se ia cometer. Foi aqui que ele foi calado e posto na masmorra onde morreu. E é aqui, por mais que isso doa aos Tomarenses, que se escvreveu uma das páginas mais negras da nossa História. Dura lex sed lex..
ResponderEliminare
Obrigada pelo seu contributo neste post, Alexandre! Abs
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